uma morte sutil descrita num livro como a ave que te engole ou escrita na vida como uma senhora de idade avançada que sentada na emergência conversando com um estranho, para de súbito de responder o estranho sem respostas chama um enfermeiro e ali, assustadoramente presente e sutil a morte segue nos observando à um braço de distância com um longo vestido branco encarando o teto branco daquela sala de emergência

uma bateria soando em tempos quebrados perfeitamente encaixada no caos que há por de trás deste dente quebrado desta pele machucada e deste rosto com lágrimas seca e olhos serrados ritmos e pessoas quebrados como galhos secos de uma pequena bonsai que não germina mais vida

tão vazio quanto as ruas do mundo sigo escrevendo e esperando por inspiração e de respiração em respiração expiro a vida vendo o relógio me matar e todas as coisas do mundo do mundo tão grande que se apequena em cada rotina massante e monótona em cada frase pronta ou projeção feita pela mente tão vazia quanto as ruas do mundo são as nossas promessas são as nossas ações são as nossas palavras tão vazia quanto as ruas deste mundo são os dicionários de palavras nunca antes dita histórias nunca antes vividas e memórias nunca antes contadas

todos os dias ao levantarem as pessoas saem de suas casas esperando o melhor vestindo suas melhores roupas — ou menos piores — e esperançosas que o céu não caia o chão não ceda e que as estruturas não desabem para ser claro, não me refiro a nada material, algo um pouco mais sútil e invisível à olhos pragmáticos

toda vez minha visão escorrega à ti, e seu rosto seus trejeitos que dizem muito sem te conhecer te conheço na medida certa perto suficiente para causar ânimo longe o bastante para não causar sentimentos na medida certa entre viver e sobreviver engano a mim mesmo permitindo a visão se perder mas nunca o coração

in emergency with dead eyes feeling pain and shame holding back the tears facing the time minute per minute hour per hour facing my mind conquering the rock bottom

muita gente despreocupada se preocupando vivemos uma grande depressão de dinheiro e de alma não temos dinheiro para comprar uma casa um carro, ou fazer uma grande viagem mas temos dinheiro para beber e nos drogar, frequentar baladas e shows que ameniza a dor de ser um Ulísses sem Ítaca …

sentindo o universo ronronar no meu peito sentindo as dores e mazelas de um corpo frágil e fugaz sentindo o calor da vida mas também o frio das expectativas bem como, sentindo o futuro descendo pela minha garganta como um remédio como uma boa dose de água e qualquer coisa a mais que isto seria luxo abrindo a janela com a mão machucada procurando por novos ares com o mesmo corpo e a mesma mão de tempos atrás

notas agudas estridentes acordes tensos dentro deste silêncio que silencia a fala os ouvidos aquieta a alma e pondera as ações inversamente proporcional a todo o resto espalhado por todo lugar todo canto ecoam no emocional ecoam bem aqui onde homem nenhum tem coragem de dizer o nome bem aqui onde a alquimia acontece e as notas são tocadas viciosamente